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Associação de Mães e Pais pela Liberdade de Orientação Sexual

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Testemunhos

Esta página é dedicada à divulgação de testemunhos. Contamos com a colaboração de todos e todas (pais, filh@s, familiares e amig@s).

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 Um mail de um psicólogo que soube da AMPLOS na televisão – 24.03.2015

Estimada equipa da AMPLOS,

Peço, antes de mais, que me desculpem estar a tirar-vos algum tempo com este e-mail, já que não é um assunto que se relaciona com as vossas metas/objetivos, escrevo-vos apenas para dizer parabéns e obrigado!

Há uns tempos atrás vi uma peça na tv sobre o vosso grupo e fiquei maravilhado com a capacidade de investimento (afectivo, emocional, de participação) e de coragem em prol dos filhos. Ainda para mais tratando-se de um tema tão delicado como a aceitação de orientações não heterossexuais por parte de pais.
Estou certo de que o sabem, mas o vosso testemunho, a vossa presença e as narrativas que vão chegando da AMPLOS são essenciais para que pais em situações idênticas aceitem a orientação sexual e identidade de género dos filhos, o que leva a que se desenvolvam laços essenciais entre pais-filhos.

Não sou pai, sou apenas um jovem teórico que está a estudar o envolvimento parental (com enfoque no paternal) e a sua influência na transição dos filhos para a vida adulta – vinculação e segurança afectivas (tese que estou a desenvolver no doutoramento em psicologia) e fiquei maravilhado, agora que acedi ao vosso site e descobri que continuam bem vivos e em investimento.

Obrigado por tornarem o meu trabalho teórico em prático (leio e leio sobre como se dão as relações pais-filhos, mas a prática é pouca e os casos de sucesso igualmente poucos) e fazem-me acreditar que ainda faz sentido apostar nesta vertente.

Um bem haja a todos os pais e mães (e todas as figuras parentais no geral) e seria um gosto enorme poder um dia conhecer-vos pessoalmente e, quiçá, ainda integrarem a amostra do meu projeto, ehheheh.

Abraço de estima,
 

Uma carta enviada dia 09.07.12

Boa tarde à AMPLOS – a todos vocês,

não que hoje seja um dia especial por algum motivo, mas não quis deixar passar de hoje. Não sou mãe, sou filha. Acima de tudo sou pessoa e é enquanto pessoa que vos escrevo. Que vos escrevo de coração cheio por existirem no mundo. Tenho uma admiração enorme e um orgulho por ter no meu país uma ampla associação de heróis. Verdade seja, no mundo ideal vocês não existiam enquanto associação, mas até lá, vocês estão cá. Existem quando poderiam não existir. Abraçam quando muitos afastam. Sorriem quando muitos choram. Lutam enquanto muitos lamentam. Enfrentam enquanto muitos se escondem. Amam enquanto muitos detestam. Estão, quando muitos se foram. E tudo o que fazem, acredito, fazem de coração. Fazem pelos vossos filhos, pelos nossos pais e pela sociedade. Pelo mundo. Dão a cara por uma igualdade que é de todos. Provavelmente também já afastaram, choraram, lamentaram, se esconderam, detestaram. Mas conheceram, enfrentaram e estão na linha da frente numa luta de paz que é louvável. Estiveram e estão, tantas vezes, mais do que eu. Mais do que nós. Seria impossível passar de hoje e – só porque sim, mas de coração cheio – agradecer a vossa existência. Vejo-vos e tenho-vos como a luz ao fundo do túnel de tantos pais que estão dispostos a amar na escuridão, fazendo-se luz. E agradeço, agradeço todas as vezes, vezes sem conta.

Um abraço com muita admiração e muito carinho. Que continuem, até não mais ser preciso continuar,

Um poema enviado por uma mãe da AMPLOS no Dia da Mãe (01.05.11)

E ele olhou para mim e esboçou um sorriso.
Seria um sorriso? Ou apenas um bocejo?
Esticou as pernas e os bracitos como quem diz “Cheguei!”
Olhei para aquele corpo tão pequenino e indefeso e pela primeira vez na vida senti-me uma Deusa, mas uma Deusa assustada.
Aquele pedacito de vida era o meu prolongamento e dependia completamente de mim.
Jurei naquele momento que todos os segundos, minutos e horas da minha vida seriam sempre a pensar na felicidade deste ser…
porque o amor de uma mãe não tem limites.

Dedicado às mães da Amplos,
Uma mãe anónima.

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Carta enviada à AMPLOS a 31.03.11

Olá, AMPLOS! 🙂

O meu nome é x. Foi através da internet que vos descobri, andava eu a fazer as minhas pesquisas. Li o vosso blog todo, vi todos os vídeos, emocionei-me muito ao ler os testemunhos. Emocionei-me, também, porque não sabia da existência deste género de associações pelo mundo fora. Mães e pais maravilhosos que amam os seus filhos incondicionalmente e, ao mesmo tempo, lutam pelos direitos humanos, ajudam outras familias, é maravilhoso! Gostaria muito de assistir a próxima reunião no Porto. As reuniões são sempre ao Domingo, certo? É melhor para mim. Estarei atenta ao vosso blog. Obrigada por existirem. Beijinhos para todos esses pais maravilhosos da AMPLOS. 🙂 x

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Carta de um pai da AMPLOS escrita no Dia do Pai dia 19.03.11

Pai

Senti a tua falta. Eu já tinha 23 e tu apenas 50. Os mesmos 50 que agora tenho. Parece que foi ontem. Sim, há emoções que nos ficam esculpidas na alma. Até ao fim dos nossos dias.

Senti a tua falta quando nasceram os meus filhos, teus netos. Doeu não ter podido desfrutar do prazer de te dar a notícia e de partilhar contigo as emoções irrepetíveis que só os filhos e os pais sentem nesses momentos.

Senti a falta dos nossos longos passeios a pé pelo campo na primavera, das nossas longas conversas. Conversas sem censuras nem falsos pudores que tolhem os fracos de carácter e acabam por castrar a imaginação e a criatividade dos jovens.

Voltei a sentir a tua falta o ano passado pai quando o meu filho, teu neto, com a mesma idade que eu tinha quando partiste, revelou que era um Filho Especial.

Quero agradecer-te o tempo que me dedicaste a explicar a sorte que tivemos em ter nascido. A sorte de vivenciarmos as emoções da grande aventura da Vida. Da sua Riqueza. Da riqueza que advém da Diversidade. Diversidade das espécies animais e das plantas. Diversidade humana da cor, das crenças e convicções. Das diferenças de sexo e de género. Na orientação sexual de cada um.

Tão curto quanto sábio esse teu tempo, pai.

Porto, 19/03/2011

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Carta enviada à AMPLOS no dia 17.12.10

Muito boa noite,
Conheci agora, pela primeira vez, a Associação Amplos, via Internet. Fiquei, inequivocamente, fascinado com o amor, entrega, dedicação, confiança e muitos mais fantásticos sentimentos que habitam nesta associação. A meu ver, o amor é tudo na vida, de pouco ou nada nos serve ter todo o resto se o nosso coração estiver vazio e, pelo pouco que vi, esta associação está com o coração bem cheio. Gostaria, do fundo do meu coração, de dar o meu mais profundo agradecimento a estes pais e, a todos os associados, que têm uma alma divina. Portugal, o Mundo e a Humanidade, ficam certamente mais ricos pela vossa presença e pela vossa participação na defesa dos Direitos Humanos.
Espero que a associação chegue ao topo do Olimpo e que toque, com um suave sorriso, a luz do sol para que ele ilumine os humanos. Muitos, muitos Parabéns!!
Peço, por fim, que não me tomem a mal o tempo que vos estou a retirar mas, lembrei-me de um texto que li há uns anos e que, curiosamente, nunca mais me esqueci desta pequena passagem. Gostaria de a partilhar convosco:

“A «moral» era uma treta que não lhe dizia respeito. Era-lha alheia, pura e simplesmente alheia. O que sempre o fascinara e seduzira era o amor, a amizade e a paixão que cada ser pode dar como um dom, e receber como uma dádiva. Sobretudo, era a qualidade intemporal dos sentimentos e dos prazeres que o atraíam, e isto, nada tinha a ver com este ou aquele sexo.
A única condição que exigira dos outros e de si mesmo fora a disponibilidade. E nessa disponibilidade encontrava a preciosa diferença que cada ser lhe inspirava.”
Al Berto, Lunário

Se puder ser útil em alguma coisa, encontro-me ao total dispor,
Um grande abraço para todos,
Carlos

(Desculpem o incomodo do pedido mas seria possivel, por favor, agradecer mesmo em meu nome numa reunião a estes pais maravilhosos? Ler o e-mail talvez seja já chato, mas um simples “Um rapazito pediu para vos agradecer o vosso bom coração”, penso que chegaria para lhes agradecer, visto que jamais conseguiria passar para palavras o verdadeiro agradecimento que sinto. Muito obrigado)

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Carta enviada à AMPLOS no dia 16 de Outubro de 2010

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Uma carta enviada à AMPLOS no dia 16.10.10

Caros Amigos,

Não tendo estado hoje fisicamente convosco,  andámos durante a tarde com a  estranha sensação de nos ter voado o espírito para Lisboa e de ter podido partilhar a alegria dessa grande festa de vida.
Aproveitamos para vos expressar o nosso muito sincero agradecimento pelo privilégio de vos termos conhecido naquele que foi um dos dois ou três momentos mais difíceis das nossas vidas. Os poucos mas “intensos” contactos que estabelecemos desde Junho foram mais que suficientes para perceber que, por modéstia, não vos passa pela cabeça o tamanho da impagável dívida de gratidão que sentimos para convosco. Quiz o acaso ou qualquer outra razão metafísica que a razão será sempre incapaz de conhecer que, quando nos vimos confrontados com a revelação do nosso filho, vocês já tivessem dado os primeiros passos nesta caminhada dos 3E “Esmagamento=>Estranhamento=>Entranhamento”, de altos e baixos, avanços e recuos. São sempre GRANDES os primeiros passos. São GRANDES  porque é precisa muita CORAGEM para dá-los. Foi assim no princípio das nossa vidas, foi assim quando o Homem chegou à lua. Coragem mais forte que o receio, fundado receio…, de nos estatelarmos. É que, quando nos pomos a avaliar o que foram estes nosso últimos 3 meses das nossas vidas chegámos, sem favor, à conclusão de que foi MUITO devido a essa vossa coragem, a  de assumirem publicamente a condição de pais-especiais-de filhos-especiais, que nos podemos congratular por ter conseguido transpor em tão pouco tempo as duas primeiras etapas da grande caminhada. O “entranhamento” levará ainda algum tempo mas também não nos podemos exigir demais… Guiados pelo vosso exemplo bem como dos demais Pais corajosos deste país “ainda muito pequeno”,  conseguimos amortecer o impacto da revelação do nosso filho, transformando, como que por milagre, uma tragédia grega numa oportunidade irrepetível de poder passar a perspectivar a VIDA  de um modo mais AMPLO…

Bem hajam!
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Uma carta enviada à AMPLOS a 29-06-2010

Estou mais aliviado, sim

Há 15 anos atrás, eu tinha 17 anos. Era um jovem às portas da universidade, cheio de vida, um tanto ao quanto rebelde, com muita vontade de sair da casa dos meus pais. Na altura já sabia que tinha entrado para a faculdade, a 1000 e muitos km de casa. Era a distância que eu queria de casa.

Há 32 anos nasci. Não se falava muito de homossexualidade suponho. Anos 70.

Desde cedo percebi que a namorada que todos insistiam saber quem era não existia. Não havia namorada, nunca houve namorada. Os meus pais, os amigos dos meus pais, os meus tios… E a tua namorada? E se até determinada altura ria-me e nada dizia, quando a adolescência chegou, com uma grande dose de rebeldia, a resposta era já “o que têm a ver com isso?”.

A adolescência chegou, violenta. Não queria estar em casa, queria estar fora com amigos, amigos com quem eu pudesse falar, discutir, estar à vontade com o facto de não ter namorada. As discussões com os meus pais sucediam-se: não me compreendem, não percebem que aqui não posso ser quem eu sou verdadeiramente. Queria sair dali, já só pensava no avião a levar-me para o continente, e eu aí verdadeiramente livre. Quem sabe com um namorado?

Nunca pensei em dizer-lhes, aterrorizava-me. Iam expulsar-me; eu precisava de estudar, precisava de ser sustentado. A rebeldia da altura dizia-me que não precisava de contar a ninguém… Se não percebem, se não vêem, se não me compreendem, vou viver isto sozinho.

Passaram-se vários anos. Licenciei-me, primeiro emprego, várias relações, vários coming out para amigos, para a irmã, para o irmão, para colegas. Os meus pais a envelhecer, eu a fazer-me homem, a família a crescer, um sobrinho a caminho, o meu irmão casado.

E de mim? O que se sabe de mim nesta família?

Férias, todos em casa. Todos falam dos seus projectos, das suas vivências, das vidas a dois. Fala-se dos amigos com quem se vai passar férias. Eu calo-me. Sempre calado. Não posso partilhar que nas últimas férias estava com o meu namorado na Croácia, que foi excelente, que deviam ir também, a melhor costa do mundo. Não posso partilhar que vivo com o meu namorado. Eles não o conhecem. Eles não sabem que o meu namorado é ruivo, de olhos azuis, que não fala português. Eles não sabem que já viajamos muito, que estamos juntos há dois anos.

Eles não sabem que a relação acabou, que eu fiquei deprimido, a vida ficou do avesso. Eles não sabem, não sonham, ninguém lhes contou.

Eles não sabiam até o dia 26 de Abril de 2010. Sentei-os.

– Podemos ter uma conversa antes de saírem?

– Sim (cara curiosa)

– Preciso de vos dizer algo que há muito tempo guardo para mim, e que tenho de vos dizer, isto se nós quisermos fazer verdadeiramente parte das vidas uns dos outros.

– O quê filho? (minha mãe ansiosa)

– Não quero mentir mais, já menti demais, e quero poder contar-vos tudo da minha vida daqui para a frente. Sou homossexual, e não quero mais esconder-vos isso. São anos demais a esconder e a criar mundos paralelos e secretos onde vocês não existem.

(a minha mãe tem lágrimas nos olhos, mas sorri).

– cada um é como é, a escolha é tua, não há problema nenhum. Hoje em dia é assim, homens com homens, mulheres com mulheres (pai)

–  filho, a vida é tua, nada vai mudar por causa disso (mãe)

– pai, não é uma escolha. Para mim a homossexualidade nunca foi uma escolha, eu sou assim desde que me lembro. Escolha será a forma como a vou viver.

– estás mais aliviado? (mãe)

– sim, bastante mais aliviado (risos)

– tu tens de confiar em nós; tu podes contar connosco, para tudo. E nós queremos saber o que se passar sempre contigo (pai)

– podias ter dito mais cedo (mãe)…..

Pois podia. Envenenei-me com este segredo durante anos. E eles estão aqui a apoiar-me. Podia ter dito mais cedo… pois podia.

Saíram. Eu fiquei sozinho a sorrir. Telefonei a amigos e família. Estava satisfeito, estava orgulhoso. Consegui, depois de tantos anos, consegui. Estava orgulhoso de mim e dos meus pais.

Horas mais tarde, a caminho do aeroporto para regressar a Lisboa, o meu pai disse: podes confiar em nós para tudo, e terás o nosso apoio em tudo. Eu não consegui dizer nada; mas olhei-os aos dois, olhos nos olhos. Queria dizer: eu sei; estou tão feliz.

O que teria acontecido se tivesse tido esta conversa aos 17 anos? Ninguém sabe. Nem eu, nem os meus pais. Provavelmente teria sido diferente; provavelmente teria sido mais doloroso. Provavelmente teria sido dramático. Hoje não tenho dúvidas que no final o meu pai diria que eu deveria confiar neles para tudo.

Sei no entanto uma coisa, independentemente do desfecho. Teria sido muito mais feliz durante estes 15 anos se lhes tivesse contado. Teria sido mais forte enquanto pessoa, mais transparente e teria tido menos medo. Seria mais auto-confiante, mais determinado. Espero que ainda vá a tempo, vou fazer por isso.

Estou orgulhoso, pelo que fiz, pelos meus pais. E sei que farei mais parte desta família, mais do que alguma vez fiz até agora. Com 32 anos, sou um jovem cheio de vida, um tanto ao quanto rebelde, com muita vontade de voltar a visitar os meus pais, e livre.

Nuno

Lisboa

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Uma carta enviada à Amplos a 27.04.2010

Olá
Sou homossexual e sou da cidade conservadora dos arcebispos (Braga). Tenho 40 anos.
Na minha família, a homossexualidade é como “língua estrangeira”. Se estás entre eles passas a ser a pessoa estrangeira e não se fala sobre isso.
Tive uma infância feliz, adoro a minha família, os meus sobrinhos. Família grande, 10 irmãos. Pais já idosos.
Os meus pais, infelizmente, já estão com uma idade e com parca saúde e, vendo o vosso documentário na TV, vieram-me lágrimas aos olhos pois percebo que a réstia de esperança de um dia poder lhes poder apresentar o meu namorado morreu.
Quando tenho um pai muito envelhecido e uma mãe que sofre de dores ósseas e com uma velhice a aproximar-se cada vez mais.
A uma certa altura dizer aos meus pais tornou-se impraticável por uma questão da sua saúde e do que poderia causar o facto de eu assumir.
Tenho um namorado há já oito anos, vivemos juntos sempre que podemos (seis meses, depois oito meses, depois um ano, dois anos, etc) e o nosso amor já foi posto à prova por inúmeras vezes. Mas, posso testemunhar que os casais gays também podem ter longevidade enquanto casais.
Neste momento eu estou desempregado há um ano e agora (por ironia do destino quem sabe) estou a cuidar do meu pai e ajudar a minha mãe tendo, por motivo económico, voltado a morar na casa dos pais depois de muitos anos de independência.
Não, não é nada fácil.
Sinto-me a morrer por dentro, com o meu namorado em Lisboa e farto de tentar arranjar emprego por lá sem conseguir.
Quero casar, ganhar estabilidade, assumir de uma vez por todas.
Católico fervoroso, mais papista que o Papa, o meu pai e a mãe já tinham lido muitos dos sinais que eu dava sem dizer, que estaria envolvido com alguém e sabiam que eu o fazia sem o seu conhecimento. Por várias vezes me deram sinais de que sabiam mas não queriam saber… Outras vezes eu já nem escondia assim tanto de propósito para eles se irem habituando à realidade.
Convenci-me que cada pessoa tem o seu tempo de maturação e que aos poucos mudará. Veremos… Às vezes o avanço significa ter de passar por vários recuos. É natural.
Desta vez, as palavras do pai quando eu vim morar para casa dele outra vez foram duras de ouvir … e de calar pois há que dar o desconto da idade dele e da mentalidade em que ele cresceu.
Disse-me que Deus deu-nos os mandamentos e que por alguma razão o mandamento que diz: Honrarás pai e mãe… vem antes do mandamento que diz: Não matarás.
E que, por isso, Deus acha que o desrespeito aos pais é mais grave do que matar.
“Vê lá filho se tens respeito pelos pais e não nos tragas pra casa um desgosto.”
É claro que, interiormente, sendo crente em Deus, eu teria a resposta na ponta da língua e estou convencidíssimo que “precisamente por respeitar e honrar os meus pais” é que eu deveria assumir o que sou perante a minha família e toda a sociedade.
O problema é que neste momento, estou completamente frágil economicamente e profissionalmente não me sinto com força para enfrentar esse desafio.
Não sei quanto tempo vou conseguir aguentar esta dicotomia mais do que já aguentei e sinto-me preparado para resolver a minha vida indo viver para Lisboa e um dia, quem sabe, casando finalmente e criando alguma estabilidade e possibilidade de futuro.
Detestaria isso. Preferiria enfrentar e arriscar a família. Mas preciso de me fortalecer para ter esse combate.
Desejaria ser mais forte, mas sou como sou e tenho de assumir as minhas boas ou más opções.
Já deveria ter assumido há mais tempo, mas o amor não tem idade, não é?
Mesmo sendo pela negativa, não deixa de ser um estímulo a minha história aos demais pais que vocês encontram.
Se os meus pais me tivessem confrontado há mais tempo ou eu a eles, talvez não se tivesse chegado à situação em que agora me encontro.
E às vezes não é preciso muito.
É suficiente (mesmo se às vezes heróico para alguns) dizer ao filho:
– Sabemos que és homossexual e, mesmo que ainda não possamos aceitá-lo pra nós mesmos, queremos dizer que estamos aqui pra ti e que te amamos.
Basta só isto.
A vida é para ser vivida. E é bem mais simples – se nós deixarmos.
Deixem a vida ser vivida e verão que serão muito mais fortes e felizes.
Ah… e sentir-se-ão a crescer sem estagnar.
Bem hajam e força para todos,
P.

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Comentário de uma filha no blog

25.03.10

Infelizmente só hoje conheci a vossa Associação.
Quero desde já dar-vos os parabéns pela iniciativa e coragem que tiveram. Acredito ser um passo muito importante para o nosso país.
Eu tenho uma relação muito saudável com a minha mãe, que aceitou o facto de eu ser homossexual, e que para mim é a melhor mãe do mundo.
E fico muito feliz por saber que existem muitas mais “melhores mães e pais do mundo”.

Um bem haja a todos
Um grande beijinho

Sara

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Comentário de uma mãe a um post do blog

23.03.10

Força muita força para seguirem com essa associaçao que em muito ajuda certamente pais e filhos mas mais os filhos que devem ter tanta dificuldade em tomar a iniciativa de assumir a sua homosexualidade.
Eu mesma me lembro quando o meu filho me contou, primeiro ao meu marido e depois a mim, chorei em frente a ele mas sempre disse és meu filho e contas comigo para tudo.
Um dia destes vou aí dar e receber uma força.

Ana Rodrigues

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Testemunho de um filho

Fev. 2010

“Na minha opinião, o que é  mais difícil quando se é homossexual, é o perceber que vivemos numa sociedade em que somos todos educados e encarados desde pequenos como sendo heterossexuais, como se isso fosse algo óbvio que acontecesse, sem que ninguém realmente pense sobre a sua orientação sexual, como se fosse implícito que toda a gente é assim e que esta fosse um dado adquirido. Quando nos apercebemos que saímos fora do esquema, gera-se uma luta interior contra a nossa própria homofobia e a homofobia dos outros, e surgem uma série de conflitos intra e inter-pessoais pela razão mais estúpida que pode haver: o simplesmente amar pessoas do mesmo sexo. Como se o amor, consentido e responsável, pudesse alguma vez ser razão para qualquer conflito. Percebemos que na sociedade onde todos pensamos ser livres e ter direitos iguais, há alguns que não são, porque falta informação, empatia, compreensão, porque não existe um rótulo na testa que diga que somos homossexuais, nem nenhuma característica que o expresse de forma física ou vísivel, como a côr ou a etnia, acabando essa característica por ser entendida como um comportamento, uma fraqueza, uma falha de carácter, sendo que comportamentos toda a gente se acha no direito de avaliar e de julgar, e até mesmo de negar direitos, e que em muita gente impede que se crie uma ligação de identificação que permita o identificar com o outro e o colocar-se a si próprio no seu papel. E, nesta altura da História, já deveríamos saber que a plena Igualdade e Humanidade só se atinge quando pensamos como um todo, e não como um “nós” vs “eles”.
É importante que cada um assuma a sua orientação sexual para que possamos ter relações próximas e de confiança, sem segredos, com todos aqueles de que mais gostamos. Assumir a orientação sexual é algo simples e habitual: um rapaz heterossexual assume a sua orientação sexual cada vez que manda um piropo ou conta que foi passar um fim-de-semana com a namorada; já se for um rapaz homossexual a fazer a mesma coisa, isso é encarado como sendo dar espectáculo e respondido com um “nós não queremos / não precisamos de saber disso”. Mas é importante que o faça, para que se banalize a homossexualidade, por mais que isso possa escandalizar certas mentes, para que todos possam viver a sua vida amorosa e a sua sexualidade sem complexos, independentemente da sua orientação sexual, para que não se tenham de esconder nem se sentir mal, e para que todos percebam verdadeiramente a sua sexualidade e a dos outros: não é algo que se ensine, nem para o qual se eduque, é parte de nós, uma característica sobre a qual não temos poder, tal como é a cor da pele, sendo tão (in)ofensiva quanto esta, são afectos, são desejos, é amor, e não é menos amor do que o meu amor, o amor do meu irmão, da minha amiga ou do meu vizinho. Amem eles a pessoa que amarem.”
Romeu

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Comentário de uma visitante do blog sobre bullying

(06.03.2010)

Eu ja frequentei a Escola Luciano Cordeiro do 5º ao 8º.
Quando frequentava o 5º e 6º fui bastantes vezes agredida por colegas mais velhos. Eu ia ao Conselho Executivo apresentar queixa dos agressores e eles diziam que eu era queixinhas e a chefe das funcionarias as vezes ñ deixava-me ir ao conselho executivo apresentar queixa dos agressores….

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Carta de uma mãe

(23.02.2010)

Nestes dias tenho-me sentido extremamente angustiada, preocupada e a minha paz interior ameaçada. Sentimentos estes que não sentia há muito muito tempo. Este estado de alma levou-me a viajar a um passado longínquo quando era adolescente. Lembro-me que o meu pai adorava cinema e quando me levava com ele tinha que escolher um filme brando porque já sabia que certos temas desassossegavam-me e inquietavam-me. Mas como não podemos fugir da realidade e com ela surgem os problemas sociais, económicos, politicos que trazem por arrastamento injustiça, homofobia, racismo, pobreza, todo o tipo de discriminação etc. Mas não podemos esquecer que existe também o maior sentimento de todos que é o amor. Outro receio que eu tinha na altura e que ainda se mantém era o surgimento de seitas; sejam religiosas, politicas ou outras de carácter extremista ou fanáticas ou inicialmente inocentes que com o passar do tempo se tornavam perigosas. Focando-me no presente estes temas nunca me deixaram indiferente e tenho que admitir que só de pensar em certos acontecimentos históricos praticados contra a humanidade deixam-me apavorada principalmente quando são praticados em nome de Deus ou de Jesus Cristo.

Estou profundamente chocada e triste com certos acontecimentos que me têm chegado através da Internet, televisão e Jornais. É evidente que estou a falar da Marcha contra o casamento Gay. Muito sinceramente o que me preocupa não é uma inocente marcha em que um determinado tipo de pessoas têm as suas próprias convicções, ideias e crenças mas nós também temos direito a defender as nossas. O que me inquieta é o que vem por acréscimo pessoas com ideologias extremistas que defendem ideais como: racismo, ódios, raças puras etc. O Homem sempre teve medo do que é Novo e Diferente porque quem o tira da sua rotina assusta-o. A Homossexualidade e todos estes temas são velhinhos existem desde que o Homem tem noção de si mesmo. Certas Instituições amedrontaram-no. Acredito em Deus à minha maneira e em Jesus Cristo. Quando Ele esteve neste mundo espalhou o Amor, defendeu e amou os doentes os mais desfavorecidos e os marginalizados. Mas eu compreendo que a sociedade está ainda muito enraizada numa certa cultura e Crenças. Compreendo que é necessário fazer estas Marchas porque todos queremos ir para o Céu.

“FAZ O QUE PUDERES COM O QUE TIVERES, ONDE ESTIVERES”  Theodore Roosevelt (1858-1919)

Júlia

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De uma visitante do blog (21.02.10)

Parabéns por existirem, tomei conhecimento desta página através de um blog de que sou assídua, também passarei a ser do vosso.
Quero aqui deixar o meu muito obrigada pois sou uma mãe lésbica que, condicionada pela sociedade, acabou por tentar ter uma vida dita normal. Não me arrependo pelo facto de me ter dado a oportunidade de ser mãe da pessoa mais maravilhosa que conheço.
Gostaria sinceramente que a minha família tivesse por mim o amor que vejo retratado no que vocês escrevem e na vossa luta. Os VERDADEIROS valores familiares estão aqui espelhados, felizes dos vossos filhos que podem ser eles próprios com as pessoas que mais amam.

Mais uma vez parabéns
Miss-rabbit

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Carta de um filho (23.01.10)

«Dos piores momentos que tive na minha vida de associativismo gay foi uma tarde em que recebi um telefonema de uma mãe em pranto. O filho tinha tentado cometer suicídio e na sua carta tinha o meu número de contacto. Eu saberia o que explicar-lhe!

Conheci o C_ quando a turma dele do 10º ano grupo escolar dele organizou uma palestra sobre homossexualidade e me convidaram a ir à escola falar. Mais tarde ele confessou-me timidamente “também sou como tu!”. Não conseguiu dizer homossexual!

A mãe tinha dois filhos, o pai havia casado com outra mulher e vivia noutro país. O filho mais velho também era gay e o C_ era o mais novo. A mãe sabia do primeiro, e aceitava-o, o mais novo tinha medo de desiludir a mãe não imaginando o que a mãe já sabia há muito tempo. Mas o medo de magoar a mãe, e o medo da mãe de confrontar o filho, levou àquela noite no hospital.

Depois de receber o telefonema peguei logo na minha mãe, Isabel, e segui para o hospital a 40 km dali. Ficámos mãe com mãe, filho com filho.

C_ está hoje vivo e convive bem com a sua homossexualidade.

Da noite no hospital, entre muitas coisas, ficou-me uma conversa no carro, já de regresso a casa, em que a minha mãe dizia que só nestes momentos é que se apercebia da necessidade de uma associação de pais, porque ela, com a homossexualidade do filho resolvida não se sentia necessitada de nada… excepto quando precisava da associação para ajudar os outros pais.

Por isso hoje sei que grupos de pais de filhos de gays e lésbicas e trans são importantes, não só para os que consideram a orientação sexual dos seus filhos como um problema, e que por isso não conseguem organizar grande coisa, como para os que tem a relação com os seus filhos resolvida, porque são esses que podem apoiar os primeiros.”

SM, 23 Jan 2010

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Carta de uma Mãe (25.02.10)

Olá AMPLOS

Como mãe, estive presente no encontro do dia 23, em Lisboa. Não poderia ter sido melhor o acolhimento da Margarida e do Paulo, e de todas os restantes presentes, assim como a mensagem e os ensinamentos do Dr. Pedro Frazão.
Não posso deixar aqui de expressar o meu muito obrigado ao Romeu e ao Gonçalo da Rede Ex Aequo pelas palavras de conforto e esperança (porque não estão sozinhos como pais, nem a orientação sexual é um problema), aquando do meu primeiro contacto p/ e-mail. Obrigado aos jovens que estiveram presentes no encontro. Ao Manuel pelas suas palavras e pela sua doçura.
Obrigado do fundo do meu coração.
Estarei sempre convosco.

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Comentário do Manel (um jovem da rede ex aequo que esteve na reunião da AMPLOS de 23 de Janeiro)

24..02.10

Manel

Eu fui um dos jovens que esteve no encontro da Amplos ontem.
É tão bom ver mães e pais empenhados em descobrir a melhor maneira de apoiar as suas filhas e filhos, a cada dia, a cada pequeno passo…
A todos os que estiveram presentes e a todos os que não puderam ir: contem com a Amplos, juntem-se para partilhar as dúvidas, as dificuldades, e certamente encontrarão modos de resolver os problemas!
Se há amor, se há respeito e se há vontade de nos informarmos e conhecermos o ponto de vista dos outros, estamos a fazer tudo o que é preciso…
E um dia chegará em que vamos olhar para trás e ver que ultrapassámos todos os receios, e que somos – todos – mais livres e mais felizes. Eu já consigo ver esse dia, lá ao fundo.
Até breve e obrigado, de um filho

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Carta de uma Mãe

20.01.10

A Amplos tem funcionado como um psicólogo para os pais. “Associação” esta ainda tão bébé, criada com muito carinho pela Margarida e pelo Paulo.
Os pais com a Amplos podem contar com discrição, apoio afectivo, resoluções para ultrapassar certos dogmas e preconceitos etc existentes no âmago da sociedade. Não devemos fugir muito deste paradigma porque quando procuramos um psicólogo desejamos ter alguém que nos ouça, buscamos um porto de abrigo que seja o mais seguro possível e de confiança.

É natural e benéfico que alguns pais sintam necessidade de dar o seu testemunho perante a sociedade tentando com isso abrir mentes mais fechadas ou mais conservadoras. O mundo não pode parar e é graças a esses pais ou pessoas que aos poucos as mentalidades vão mudando  e os sonhos de cada um se vão realizando. No entanto não podemos esquecer que  há pais  assustados com a orientação dos filhos e principalmente com a reacção ou resistência da sociedade relativamente à homossexualidade. Para estes pais temos que ter uma Amplos que funciona como uma segunda família e para alguns a única.

Não me definam como o Velho do Restelo pois apoio uma Amplos aberta para o exterior mas tendo sempre como prioridade o auxilio aos pais porque é aqui que reside a verdadeira essência da Amplos.

“Todos temos de estar preparados para trabalhar, sofrer, morrer. e a tua causa não é menos nobre por não teres uma banda a tocar quando sais diariamente para o campo de batalha,  ou por não haver multidões a gritar quando voltas ao fim do dia das tuas vitórias ou derrotas”

Robert Louis Stevenson  (1850 – 1894 )

Júlia

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Carta a um deputado (de uma Mãe )

janeiro de 2o10

Boa noite

Muito agradeço a sua resposta, bem como a sua tentativa de “desculpabilização”(perdoe a impropriedade vocabular), para o facto de não ter correspondido às minhas solicitações. Ao enunciar as várias razões que o levaram a votar contra, demonstra que efectivamente assume com responsabilidade o seu cargo e que não defraudou, nem os seus eleitores, nem as suas convicções políticas. Mas…como dizia Bernard Shaw, “só não muda de ideias quem as não tem”. Em parte concordo consigo, mas apenas numa parte muito pequenina. De facto não parece muito credível andarmos a apelar ao direito pelo casamento, numa época em que este já não tem qualquer sentido. As pessoas debateram-se pela liberdade de se unirem sem formalizar contratos e conseguiram que a sociedade deixasse de olhar com olhos preconceituosos para duas pessoas que vivessem debaixo do mesmo tecto. Não foram apenas os homossexuais a olharem para essa “instituição” como algo de retrógrado e desfazada nos nossos dias. Existem milhares de pessoas que pensam assim. Por isso mesmo existem muitas que vivem em união de facto sem pretender formalizá-la, precisamente porque se conquistou essa liberdade e as mulheres(sim, as mulheres), deixaram de ser estigmatizadas e vergonhosamente etiquetadas. A lei votada é hipócrita, mas…mais vale um pássaro na mão que dois a voar. Pelo menos corrige uma violação clara de um dos direitos humanos, o tal que levou o senhor a votar contra – artº13 (Princípio da Igualdade), que defende que ninguém pode ser prejudicado, privado de qualquer direito pela sua orientação sexual. Se eu posso casar pelo civil porque a lei me dá esse direito, se o senhor o pode fazer, porque motivo o meu vizinho do lado, que é homossexual, não o pode fazer? E porque motivo o há-de fazer com outro nome? Somente porque a sua união não encaixa como macho/fêmea, não procria? Quantos casamentos há de fachada e estéreis?! Não lhe conceder esse direito é discriminá-lo. O direito à diferença requerido pelos homossexuais só se pode entender numa sociedade que assume que o normal é ser heterossexual. Se desde o princípio, este grupo de homens e mulheres que se assumem com orientações sexuais diferentes (não por opção, mas porque o são), tivessem gozado das liberdades dos demais, nunca necessitariam de se debater pelo direito à diferença. Não são eles que se reconhecem como diferentes – somos nós, sociedade, que devemos reconhecer a sua diferença relativamente às nossas preferências, que julgamos dogmáticas. Não discriminar é atender às particularidades que fazem de cada homem um ser único. É conceder-lhe os mesmos privilégios e direitos, fornecendo-lhe os meios necessários para poder usufruir deles. Só assim poderá ser efectivamente livre para conquistar aquilo que o homem persegue desde tempos ancestrais – a felicidade. Relativamente ao referendo, lembra-se do que aconteceu aquando do aborto. Quem votou no 1º, em 98? E se não tivesse havido mais tarde novo, ainda estaríamos a condenar mulheres à prisão, enquanto muitos homens viveriam em liberdade. Provavelmente também é contra o aborto… Um referendo agora só iria continuar a penalizar quem já é socialmente discriminado. 30 anos depois de Abril, 59 anos depois da Convenção Europeia dos Direitos do Homem, 210 anos depois da Revolução Francesa…quantos mais anos temos que esperar até que todos os homens sejam finalmente livres e iguais, para podermos formar uma fraternidade? Quantos mais? Também lhe quero dizer ainda que a democracia não se pode fundamentar na opinião de 93 mil indivíduos . Quando Hitler subiu ao poder foi por vontade popular, e o seu regime nada tinha de democrático. Não sou socratista, mas tenho que tirar o chapéu ao primeiro ministro. Obrigada por atender uma mulher, casada, mãe, defensora de que todos os homens merecem as mesmas oportunidades…até o senhor, de mudar de opinião, para depois podermos ainda dialogar sobre outros homens e mulheres que existem e que demandam por outro direito que a sociedade lhes nega, e esse até é o mais elementar – o da identidade. Com os meus mais respeitosos cumprimentos

Maria da Luz Góis

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Aos pais e mães AMPLOS (de um Mãe)

Janeiro de 2010

Que não seja preciso muito tempo, para que os vossos filhos e filhas nasçam e cresçam sem o espectro da homofobia sobre as suas cabeças. Que este dia 8/01/2010 seja o marco na história dos homossexuais, contribua para um mundo mais igualitário, sendo assim, podermos viver amplamente a liberdade de amarmos quem quisermos, para podermos ser seres humanos melhores.

Um forte abraço

Xana

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Para os pais como eu… (carta de uma Mãe)

Janeiro de 2010

O cérebro dos homens não é igual ao das mulheres.

Um Transexual é um ser que nasce com um cérebro de um sexo no corpo de outro sexo. Como não podemos modificar o cérebro, modifica-se o corpo.

(Dr. João Décio Ferreira – Cirurgião plástico)

  O caminho é longo e doloroso. Os pais dos transexuais sofrem, zangam-se, têm dúvidas, sentem responsabilidade no que aconteceu e a maior parte das vezes nem sabem bem do que se trata.

Depois de perder um bébé com 3 anos de uma forma súbita e trágica, o mundo desabou. Ao fim de cinco anos fiquei grávida e sempre pensei que seria um rapaz.

Quando nasceu uma menina a alegria foi a mesma, a infância foi normal, a adolescência é que não. Hoje, olhando para trás, vejo os pequenos sinais de alarme que foram crescendo ao longo do tempo até ir a uma psicóloga, aos 19 anos, que me telefona a dizer do risco de suicídio.

E quando em conversa me diz que finalmente sabe que é um transexual, fiquei desorientada a perguntar:

– Mas o que é isso?

Fui ver documentários, ouvi palestras dos canais estrangeiros que me falavam em prostitut@s, vida nocturna e descriminação social e eu sabia que não era nada disso.

Então dirigimo-nos, meu marido e eu, a um psiquiatra e falámos longamente com ele. Foi aí que percebi que não valia a pena lutar, mas sim apoiar, aceitar, ajudar.

A alma mais que os olhos chora de tristeza, de angústia, de aflição. E agora? A minha linda filha vai ser escortejada, amputada? E se não corre bem? Como vai a sociedade aceitar isto? E a família, o que vai dizer?

O caminho é duro, é longo, é difícil, mas se os pais apoiarem e aceitarem, lá chegaremos.

Primeiro veremos a mudança da parte exterior, a seguir as operações, mais tarde a luta pela mudança de nome, a busca de empregos que lhes são negados só porque são diferentes. Graças a Deus têm um médico extraordinário que os trata como família, que se preocupa, que os opera, que os ajuda. À medida que vão avançando no processo, mostram-se mais felizes, mais confiantes, com vontade de viver.

E nós pais? Vamos pô-los de parte como fazem os outros? Vamos obrigá-los a ser o que não são? Vamos chantageá-los com dinheiro, ameaças, etc?

Finalmente temos que pensar que se nós sofremos, eles sofrem o dobro. Sofrem mais que os homossexuais e as lésbicas que não têm que se sujeitar a operações difíceis e dolorosas, nem têm que mostrar o B.I. de mulher quando fisicamente são homens e vice-versa; que não têm que se sujeitar a um exame desumano no Instituto de Medicina Legal, que não têm que ir ao Tribunal e em frente de um Juiz justificar o pedido de mudança de nome e de sexo legal.

E isto dura anos e anos.

Eu perdi uma filha triste, fechada e revoltada, mas ganhei um filho feliz, forte e com garra de viver.

Deveríamos fundar uma associação de pais de transexuais?

Talvez ajudasse falarmos uns com os outros, mas de uma coisa tenho a certeza; é nossa obrigação de pais, pelo amor que lhes temos de os ajudar até a exaustão, de compreender mesmo não compreendendo bem e sobretudo de os amar e apoiar incondicionalmente.

De uma mãe (69 anos).

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O bom senso vencerá! (testemunho de uma Mãe)

Janeiro de 2010

Quero testemunhar aqui, hoje, especialmente hoje, antes do “grande debate”, que o meu companheiro ofereceu ao meu filho, no Natal, um livro que ele encontrou algures na Net, que se teve de importar por não haver em Portugal, escrito por Jarko De Witte van Leeuwen e seu marido, e que se intitula Arwen and her Daddies.

Um livro que nos tocou, a todos, de tal forma que quero aqui, hoje, falar dele, desta família tão bonita que hoje em dia é composta pelos papás, a Arwen  (a sua primeira criança adoptada) e o Wolf, um outro menino que entretanto eles também adoptaram.

O livro foi escrito para a Arwen, porque Jarko, um dia, percebendo que seria muito difícil encontrar livros com histórias com crianças que têm dois papás ou duas mamãs, decidiu ele mesmo escrever um, com a sua própria história…

Deixo aqui o site da Associação que os ajudou a ter os seus filhotes, bem como a frase com que a ‘biografia’ da família termina o livro:

www.feel-good-families.com

“Jarko, Jos, Arwen and Wolf live happily together in their home at the historic inner harbour in their hometown Dordrecht in The Netherlands”

Temos a enorme esperança de um dia ver uma frase deste género aparecer num livro português, com orgulho de termos visto a nossa sociedade evoluir e sair dos seus pequenos e confortáveis ‘cantinhos’, dando não só a oportunidade de tratar todos os seres humanos de igual forma no caso do casamento, mas também permitir que estas pessoas, tal como todas as outras rotuladas de ‘hetero’, adoptem crianças há  (demasiados) anos “estacionadas” em lares ou residências “temporárias”,  por vezes (pasme-se com este contra-senso) anos a fio…

Haja bom senso, pois tanto há “loucos” nos ‘hetero’ quanto nos “homo”…. Para que servem os exames psicológicos que se fazem a qualquer pessoa antes que lhe seja permitido adoptar??

O bom senso vencerá!

Mãe

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Carta aos deputados (de um Pai)

Janeiro de 2010

Cara Deputada e Caro Deputado,

A Proposta de Lei e os Projectos de Lei que estarão em debate no dia 8 versam sobre um “tema de consciência”, o casamento homossexual, o qual não deveria estar sujeito a disciplina de voto em nenhuma bancada parlamentar. Mas mesmo onde a direcção do grupo parlamentar a impuser, há sempre a liberdade da declaração de voto. Assim sugiro que pondere estas três perguntas antes de votar na sexta-feira:

1- Se uma sua filha (ou filho) se revelasse decididamente homossexual amá-la(o)-ia menos por isso?

2- Se a sua filha (ou filho) se apaixonasse por outra pessoa do mesmo sexo e quisesse com ela viver toda a vida e acompanhá-la nas alegrias e tristezas até que a morte a(o)s separe, acha que não devia ter esse(s) direito(s)?

3- Se a sua filha (ou filho) quisesse fazer uma festa de casamento, com a família e amigos, estaria com ela (ele) nessa festa? Imagine, medite um pouco e vote, se possível, em consciência. Nós, portugueses, estaremos atentos.

Saudações cordiais, Paulo Trigo Pereira

Economista Professor Universitário (ISEG)

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A AMPLOS deu um testemunho gravado em audio à Revista Visão on line. Ouvir aqui.

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Uma mãe trouxe à reunião da AMPLOS a informação da edição do livro “Partilha’te”, um livro de testemunhos “porque o armário é um sítio muito escuro para se viver” editado pela rede ex aequo

Fazer download a partir daqui.

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Testemunho de uma “Mãe Irritada”, como ela própria pediu para ser designada, sobre artigo de Isabel Stilwell

Minha querida, até ler este editorial (só estou a ler hoje 10/11) a senhora baixou consideravelmente na minha consideração, mas isso a si não lhe deve causar nenhum incómodo… Estou a escrever para fazer uma menção (podia fazer tantas, desde a discriminação óbvia ao falso puritanismo, etc. etc. etc.) à questão dos “sem médicos”…Já pensou que entre estes “sem médico” que tanto defende poderão estar milhares (sim, milhares, porque não se trata de centenas de jovens e adultos que sofrem a estupidez desta sociedade, mas sim de milhares) de LGBT que tanto necessitam de uma consulta regular, de apoio, clínico-psicológico… Ou também acha que “eles” não vão ao médico como qualquer comum mortal?? Perceba que esta é uma questão fundamental, e que assim como V. exa. faz tudo o que lhe dá na real gana (como casar com quem quiser) também “eles” e “elas” o gostariam de fazer… Eduque-se!!! Ou então deixe de escrever, a bem de uma sociedade mais equalitária!
Mãe irritada
 
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Texto do Grupo de Trabalho Identidade X/Y da PSP lido na apresentação da AMPLOS a 10 de Outubro

O Grupo de Trabalho Identidade x/y surgiu em Maio deste ano pela necessidade de se abordar e discutir uma questão há muito reconhecida e trabalhada noutros países: a homossexualidade no seio das Polícias, no nosso caso, na Polícia de Segurança Pública.
Entre outras questões, também importantes, e às quais o SUP (Sindicato Unificado da PSP) dedica todos os seus esforços, a direcção do sindicato considerou que se tornava urgente constituir um grupo que trabalhasse a questão da homossexualidade na Instituição uma vez que, não raras vezes, nos chegava ao conhecimento que determinado elemento tinha sido discriminado/mal tratado/humilhado pela sua (diferente) orientação sexual.
Assim, convidamos especialistas na área dos estudos de género para integrarem a nossa equipa, para juntos, contribuirmos para esclarecer e desmistificar algumas questões mais estereotipadas relacionadas com a homossexualidade. Sabemos que em determinados contextos institucionais, como é o caso da Polícia de Segurança Pública, a homossexualidade é motivo de “piada fácil” e “resposta pronta”, em parte devido a um culto de masculinidade que pela natureza da Instituição, se afirma como dominante.
Apesar do nosso grupo de trabalho direccionar a sua actuação para a PSP, estamos também inteiramente disponíveis para colaborar com colegas de outras forças de segurança, quer para discutir estratégias de intervenção/formação, ou quaisquer outros temas que contribuam para os fins a que nos propomos.
O nosso principal objectivo é assim ajudar a construir uma Polícia que passe a aceitar (plenamente) em vez de rejeitar (disfarçadamente), polícias com diferentes orientações sexuais.
Mas o nosso trabalho não fica por aqui. Conhecemos a importância do processo de socialização e o seu poder na construção identitária dos indivíduos. Por isso, consideramos ser necessário intervir desde logo junto dos mais jovens e das suas famílias. Neste sentido apresentamos a nossa total disponibilidade para colaborar com a AMPLOS promovendo debates, conferências e acções de formação em diversas áreas de actuação, sejam elas no foro da sexualidade, da responsabilidade civil ou em quaisquer outras que possam contribuir para a integração plena dos cidadãos LGBT na sociedade portuguesa.
Assim, lançamos desde já um desafio à AMPLOS para que até ao final do ano organizemos em conjunto um seminário multidisciplinar onde possamos discutir estas questões e iniciar um ciclo de trabalhos que respondam aos objectivos que nos unem.
Muito obrigado.
Espero encontrar-vos brevemente no Porto!

Ricardo Gouveia
O Grupo Ix.y

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Texto de Ana Brandão , Socióloga da Universidade do Minho, lido na apresentação da AMPLOS em Lisboa no passado dia 10 de Outubro

Porto, 09 de Outubro de 2009,

Começo por agradecer a todos os presentes e, em especial, à Margarida Faria o convite que me endereçou para participar desta acção da Amplos e por cumprimentá-la pela iniciativa que desejo que tenha o maior sucesso. Infelizmente, não me será possível estar fisicamente presente neste encontro, mas gostaria de vos deixar algumas palavras.

Foi-me pedido que preparasse uma breve apresentação para esta sessão. Começarei por referir que sou socióloga de formação e prossigo há vários anos uma carreira no ensino superior no âmbito da qual tomei, há algum tempo, a decisão de alterar a minha área de privilegiada de investigação, em parte como resultado do repto que me foi lançado por um amigo próximo que, na época, me chamou a atenção para o desconhecimento mais ou menos generalizado existente em Portugal relativamente à situação de todos aqueles(as) que não se enquadravam no modelo normativo da heterossexualidade.

Considerando a minha área de competência, o melhor contributo que posso dar à associação, para além do meu apoio pessoal, é o de contribuir para a produção e disseminação do conhecimento neste domínio, procurando identificar e mostrar as múltiplas formas de desigualdade e o preconceito de que uma parte da Humanidade continua a ser alvo. Neste sentido, estarei disponível para colaborar com a associação quer na realização de sessões de debate e esclarecimento, quer em acções de sensibilização destinadas a eliminar esses fenómenos e a fazer cumprir o direito de todos os seres humanos à igualdade de tratamento, quaisquer que sejam as suas convicções e escolhas pessoais.

Gostaria de terminar salientando o papel importante que a Amplos pode ter neste processo, nomeadamente porquanto procura trazer à luz do dia uma face menos conhecida e menos estudada desta questão que diz respeito aos impactos que o preconceito tem nas relações parentais e familiares. Permito-me aqui recordar Goffman, que destacou, justamente, aquilo a que chamou “as capacidades contaminantes do estigma”. Essa possibilidade de os efeitos negativos do estigma se estenderem aos amigos e, em especial, à família, é um dos factores que rodeiam a dificuldade de lidar com a quebra de expectativas que invariavelmente acompanha o envolvimento numa relação com alguém do mesmo sexo. Não é, pois, apenas a pessoa que se envolve nessa relação que tem que lidar com fenómenos discriminatórios e com a estigmatização, mas também aqueles que lhe são próximos. As alterações produzidas quer ao nível identitário, quer dos relacionamentos interpessoais de uns e outros justificam, a meu ver, a existência de uma associação que procura apoiar todos os que passam por esse processo. Desejo-vos, por isso, o maior sucesso e reitero a minha disponibilidade para colaborar com as vossas iniciativas.

Obrigada!

Ana Maria Brandão

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Testemunho de Belmiro Pimentel coordenador do Grupo Identidade X/Y lido na apresentação da AMPLOS

Infelizmente não me é possível estar presente na apresentação da vossa associação uma vez que me encontro em Londres num congresso com colegas de várias associações de polícias LGBT.

Todas as pessoas de alguma forma procuram o mesmo, viver um conto de fadas, num mundo encantado de príncipes e princesas, conseguirem ser felizes e viverem para sempre felizes.

É claro que nesta luta incessante, de tentar ser feliz, há quem procure um trabalho que os satisfaça, o dinheiro, ter saúde para desfrutar dele, uma bela moradia e a estabilidade emocional junto da família dos amigos e daquela pessoa especial com a qual partilhar tudo isto, a pessoa que nos completa emocionalmente.

Alguns dos presentes já me conhecem, ou porque já contactaram comigo ou pelo que leram e ouviram a meu respeito, pelo que não me vou alongar na minha história de vida.

Quero sim que percebam desde já uma coisa muito simples, se eu pudesse escolher a minha orientação sexual, certamente não escolheria ser Homossexual.

Se a minha infância foi feliz, já que quase tudo é permitido a uma criança, ninguém a olha de lado, o mesmo não posso dizer a partir dos meus 12 ou 13 anos, altura em que o meu ímpeto sexual se começa a manifestar direccionado a pessoas do mesmo sexo.

Falo nessa idade pois é aquela que me lembro de no grupo de rapazes do qual fazia parte, se começava a discutir, o corpo feminino e a apreciar o mesmo, enquanto eu, apenas lhes conseguia atribuir características de beleza, próprias da mulher.

Para mim as raparigas eram analisadas em traços gerais, serem ou não mais femininas umas do que as outras, preocuparem-se umas mais com a aparência que outras, sexualmente falando não me manifestavam qualquer interesse.

Sinto que desde essa altura vivia num mundo que não era o meu. Por força das circunstâncias e para que não fosse ostracizado, passei a viver de aparências, jogava o jogo dos outros e não o meu próprio jogo.

Assim que dou um salto no meu crescimento, altura em que atinjo a minha independência monetária, que se dá com a entrada na carreira militar, por volta dos 19 ou 20 anos, também, travo conhecimento com o mundo Homossexual. As minhas dúvidas passam a certezas, as minhas preocupações reduzem-se a metade (faltava a aceitação da família e amigos), afinal já não sou diferente mas sim igual a tantos outros.

Sinto ainda hoje, apesar de se ir falando acerca da Homossexualidade, do avanço que se deu até ao momento, Séc. XXI, que existem dois mundos, duas realidades diferentes, uma heterossexual e outra homossexual, os quais não coexistem.

Não seremos todos, um monte de matéria orgânica, pensante, que nasce vive e morre como qualquer outro?

Serei eu extraterrestre ou sou originário do ventre materno, após uma qualquer fecundação de um óvulo por parte de um espermatozóide?

Não tenho eu uma mãe e um pai, biológicos, assim como tu?

Não sou eu um ser capaz de falar, caminhar, ler e escrever, capaz de pensar, assim como tu?

Não serei eu capaz de amar?

A esta última pergunta eu repondo NÃO. Porque não me deixam.

Não é preciso muito para que possamos lutar pelo nosso conto de fadas, basta que para isso nos permitam ser livres na nossa orientação sexual.

Tudo começa pela aceitação da família, dos amigos, das pessoas que nos são realmente próximas. Se esta porta estiver aberta, todas as outras se abrem de uma forma natural.

A necessidade maior de qualquer homossexual neste momento é o seio familiar, ser olhado sem reservas pela mãe, pelo pai, pelos irmãos. Ser defendido, protegido e acarinhado enquanto membro de um todo e não um acessório.

Eu sou como sou e sou aceite pela minha personalidade, pelo meu carácter, pela minha verdadeira identidade. Serei incapaz de ser feliz se assim não for.

Se a legislação actualmente existente sobre esta matéria protege de alguma forma os homossexuais no seu espaço de trabalho, nos espaços físicos que os rodeiam, em matéria de aceitação ou não por parte dos seus entes queridos, não existe legislação que dite regras ou possa de alguma forma obrigar a que isso se verifique.

Sou olhado pela minha família como parte de um todo, pelas pessoas que me são mais próximas como um igual. Luto ainda para que as pessoas entendam que a sua liberdade termina quando a do outro começa e isso passa por ser livre na minha orientação sexual.

Após ultrapassada a barreira da família e dos amigos, hoje posso dizer que sou mais feliz do que era antes. Estou mais seguro de mim e posso caminhar em busca da minha felicidade.

Quero realçar a importância de um Grupo como o da AMPLOS vai ter, sem menosprezar a importância do esforço que outras tantas associações e activistas vêm fazendo há já alguns anos.

Para mim enquanto Homossexual, a AMPLOS será um dos maiores, senão o maior “grito de revolta” no seio de uma sociedade que teima em olhar para o lado, com total indiferença e por vezes mesmo desprezando o Homossexual enquanto ser humano que é.

Poderás ter tudo, trabalho, dinheiro, saúde, mas nunca conseguirás ser feliz se não estiveres emocionalmente satisfeito.

Sejam felizes e façam alguém feliz….

Muito Obrigado

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Recebemos este testemunho de uma Mãe

Meus Amores,

(De outro modo não me ocorre chamar-vos…)

Escrevo esta mensagem como mãe que sou, a pedido de outra mãe, e o que nos une? Sermos mães, sim, mas acima de tudo a mesma realidade: a de termos um tão grande amor pelos nossos filhos. Um amor incondicional, que, sabemos agora, não existe sempre nas mães (e pais) deste mundo….. Ou será que existe, mas está lá tão ‘apertado’ pelas teias desta complicada vida que não se consegue escapar para abraçar aquele ou aquela que fez vir ao mundo?
Ou porque “assim foi sempre”, ou porque não suportariam os olhares e comentários dos “outros”, porque não são suficientemente fortes e ‘não mudarão’, mas, eu quase apostaria que a grande razão é e será sempre o sofrimento…. Esse grande ‘papão’ que faz tantos de entre nós fechar-se para o mundo, fechar os nossos olhos, o nosso coração, para ‘não sofrer tanto’…

Porque esses de entre nós, pais e mães, talvez nunca mudem (por incapacidade, por qualquer outra razão), teremos de os “aceitar” nós, já que eles não nos aceitam, e ‘mostrar’ ao nosso coração, à nossa alma (porque só a “esses” devemos prestar contas), de que matéria somos feitos, e como somos capazes, nós, de amar incondicionalmente…..

Quero partilhar convosco um excerto em forma de poema, retirado de um livro (*)  de um escritor conhecido pela sua luta contra as discriminações (racial, sexual,e outras tantas que desde sempre infelizmente se fizeram sentir), e que, espero, vos ilumine o caminho como a mim me fez:

“À noite, quando dormia,
Sonhei – bendita ilusão –
Que uma colmeia trazia
Dentro do meu coração;

E as douradas abelhas
Iam fabricando nele
Com as amarguras velhas
Branca cera e doce mel”

Bem hajam, e amem sempre a ‘dobrar’, pois só assim guardarão no vosso coração o vosso amor e o dos outros que não são capazes de vo-lo mostrar…

Um beijo,
Mãe

(*) Richard Zimler, A Sétima Porta, Oceanos, 2007

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Outra  Catarina enviou a sequela do filme “It’s Elementary – Talking About Gay Issues in School”.

Ver trailer de “It’s Still Elementary – Talking About Gay Issues in School”. Dez anos depois.

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A Eunice mandou este video retirado de uma série que ainda não chegou a Portugal – Glee.

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A família apoia Belmiro Pimentel. Ver a notícia aqui

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A Catarina  mandou-nos:

Queridas amigas e amigos: este filme diz respeito à responsabilidade das escolas lidarem com a questão dos preconceitos homofóbicos. “It’s Elementary – Talking About Gay Issues in School”. Se tiverem a possibilidade de o visionar, gostaria, também de o ver. Obrigada, Catarina
Ver link aqui.

Catarina conseguimos pelo menos o trailer! Nós é que te agradecemos.

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Em baixo poderão aceder a um testemunho que nos foi enviado pelo próprio.  A mãe e a irmã de Belmiro Pimentel apareceram no programa, mas na SIC on line não aparece a parte final em que as duas participam.  Aguardamos edição completa e, logo que a tenhamos, substituiremos uma referência pela outra.

Veja o vídeo aqui.

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‘Mum, Dad, there is something I need to tell you’
Testemunhos em guardian.co.uk: aqui
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Uma carta de um jovem gay aos pais.

“Para a minha querida família,

Estou a escrever-vos a carta mais importante da minha vida, e faço-o agora porque vos sinto muito perto do meu coração, e é porque eu vos sinto tão perto do meu coração, que sinto que vos amo tanto, que tenho que vos dizer a verdade acerca de mim.

Como é que pensam que eu sou? Eu sou tudo o que vocês sabem acerca de mim, tudo o que cada uma vós sabe acerca de mim, mais uma coisa muito importante, e que eu agora revelo: eu sou um homem que é capaz de amar outro homem, ou seja eu sou homossexual.

Desculpem-me se vos choco, talvez o facto de eu próprio não ter aceite a minha própria homossexualidade por muito tempo moldou a minha personalidade. Mas quem eu sou isso não mudou. Tudo o que vocês conhecem de mim não mudou. O que mudou ou mudará é a minha atitude perante mim próprio, tal como mudará a vossa atitude perante mim próprio. E a minha atitude perante mim mudou abrindo-me novas avenidas, novos caminhos na busca da minha felicidade.

Acreditem-me: não é uma escolha. Seria muito mais fácil para mim ser heterossexual. Mas eu preciso de ser honesto para comigo e para connvosco, e se esta é a realidade, porque é que eu haveria de mentir? Só porque causa do que os outros possam pensar? Ninguém escolheu ser heterossexual pois não? Pois bem, eu também não escolhi ser homossexual, e sé é assim que eu sou, o que eu vou fazer é procurar alguem para amar, e para me relacionar de acordo com o que eu acredito que vale a pena: os sentimentos.

Imaginam como foi viver com uma fobia tão grande dentro de mim, que me estava a empurrar e a apagar a minha própria vida, apagando a minha sexualidade. Mas eu não fui capaz de o fazer, porque este tipo de sexualidade existe em 10% das pessoas, de todos os homens e das mulheres. Tal como há uma percentagem da população que escreve com a mão esquerda, ou tem olhos de outra cor. As concepções que a nossa sociedade nos força a aceitar, arrastam-nos para a condenação, e para o preconceito.

Mas eu não sou a minha sexualidade, e não quero ser julgado por ela. A minha sexualidade é apenas uma parte significativa de quem eu sou. Eu não estou a pedir que me compreendam: ninguém quer ser compreendido por que é que escreve com a mão esquerda ou com a mão direita, ou porque é que mede um metro e setenta ou um metro e oitenta. Simplesmente aceita-se que essa pessoa é assim.

Gostaria que me escrevessem e que me dissessem aquilo que pensam mas sobretudo aquilo que sentem, era muito injusto para todos nós se eu não vos dissesse isto, porque eu estava a ser incompleto. Eu sei que estou a arriscar tudo a partir desta carta, mas vocês são quem eu mais amo no mundo e são vocês quem eu guardarei sempre no meu coração aconteça o que acontecer.

Apenas agora eu sou o verdadeiro Carlos para vocês, mas sempre o vosso filho, o vosso irmão, o vosso cunhado, o vosso tio,

Carlos.”

Esta carta foi para o ar no programa Vidas Alternativas da Rádio Voxx (91.6 Lisboa, 90.0 Porto) no dia 19 Julho 2000.
Transcrição para o blog da AMPLOS autorizada pelo responsável pelo programa.

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4 Comments »

4 Respostas

  1. em 27/10/2009 às 09:58 Texto do Grupo de Trabalho Identidade x/y da PSP lido na apresentação da AMPLOS em Lisboa « amplos bring out

    […] Testemunhos […]


  2. em 15/01/2010 às 15:45 Os testemunhos e cartas de mães e pais « amplos bring out

    […] Testemunhos […]


  3. em 02/01/2011 às 21:04 Página não encontrada « amplos bring out

    […] Testemunhos […]


  4. em 02/01/2011 às 21:05 Os números de 2010 « amplos bring out

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